Ao melhor amor que eu já tive.


[audio https://dl.dropboxusercontent.com/u/104739227/Drake%20-%20Best%20I%20Ever%20Had%20%26%20Lloyd%20-%20You%20(VIOLIN%20COVER)%20-%20Peter%20Lee%20Johnson.mp3 |titles= “Best I Ever Had/Night Off ( Drake Cover) – Peter Lee Johnson”]

Você me pega pela nuca e me arrasta por ca-da-par-te-do-seu-cor-po com força e precisão. Quase me arranha com a minha própria barba usando a fricção da pele pra desenhar os nossos sinais na barriga seios pernas coxas e tudo o mais. Me faz pagar a língua quando eu enceno algum teatrinho dramático pra não deixar você levantar da cama: você fica se quiser e ainda diz que poderia ter levantado enquanto aproveitava a minha distração. Conto as suas pintas uma-por-uma-com-cui-da-do pra você não perceber a minha obsessão em calcular cada milímetro do teu corpo. Tento aproveitar que agora é tarde e daqui a pouco amanhece, você vai embora e se cria um abismo que envolve tempo e espaço entre o toque da campainha e o nosso toque de novo.

Eu tenho pressa de você e a minha ansiedade não pode ser controlada por diagnóstico nenhum, não é, Doutor? Me liga pra desafinar essa saudade com o teu tom rouco, pra melhorar o meu dia, pra me fazer dirigir com pouca atenção e ser xingado no meio do trânsito tur-bu-len-to dessa cidade, me liga pra desacelerar o meu pensamento e a minha prosa que vai. Se perdendo. E não. Se conclui. E fica solta por aí com. Muitos pontos e fala mais um pouco que eu quero ouvir tua voz de novo, vai.

Me lembra como é bom desacreditar e ser pego de surpresa com alguma coisa boba rondando a cabeça que até os meus amigos perguntam – mas já sabem que vem de você. Já sabem que eu misturo o teu cheiro, as tuas roupas, a sua preferência por cachorros e bebês que me deixam de lado nos shoppings cinemas peças parques encontros, os filminhos água-com-açúcar-que-você-adora-ver-escondida e faço uma bagunça danada dentro de mim. Engraçado que a gente tinha tudo pra se repelir porque você não é nem meu oposto, nem se parece comigo, nem sei dizer mesmo como é que um esbarrão podia ter sido a coisa mais doce da minha vida quando eu nem ao menos tinha provado o teu gosto.

Faz parecer que as vinte-e-quatro-horas do meu dia passam  de-va-ga-ri-nho e não tem botão pra avançar em você como eu bem queria fazer agora. Deixo o trabalho e parece que eu tenho sempre quinze anos de idade de novo porque você me aflige, me ataca, me espreme e tira mais de mim do que muito psicanalista com doutorado e me causa uma taquicardia que a minha boca fica seca, eu me descontrolo – mesmo que só na minha cabeça – mas não repara, tá? Repara no que você me faz de bom e de como a vida ficou boa quando você quis ficar por aqui, passeando, me fazendo sala, jogando baralho xadrez dominó ou dormindo em cima de mim. Repara que eu estampo na cara o que o seu uso prolongado pode causar de efeito colateral – pra bem e pra mal – e as reações adversas que me causam o excesso e a abstinência de você. Repara que pra você eu me separo em partes, das que você precisa conhecer às que a gente pode ignorar um pouco agora, e sempre te apresento o melhor de mim, servido na bandeja com um Martini e azeitona.

Repara que você é o melhor amor que eu já tive e que me tem nos detalhes. Nos fiapos desfiados das camisas de lã no frio, na mão suja de carvão do churrasco de domingo, nas notas fiscais guardadas e organizadas nas pastas pra me lembrar do presente do dia dos namorados que eu ainda não comprei. Repara que você me enamora. E me encanta como nunca alguém me encantou nessa vida.

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