Você nunca esteve sozinho


[Você pode ler este texto ao som de Minnesota, Wi]

Olho no espelho todos os dias, mas não sei exatamente por qual motivo, em alguns dias parece que o meu reflexo não retribui o meu olhar. Não sei explicar exatamente qual o ponto que faz com que a nossa chavinha mude para o modo “tem alguma coisa errada”, mas sei que com muita gente também é assim. Não é uma exclusividade minha, nem sua, nem de ninguém, mas, às vezes, parece que a gente se desencaixou do nosso espaço de sempre.

Acordamos de manhã, ouvimos as mesmas músicas na lista do nosso Ipod, pegamos os mesmos caminhos para chegar ao trabalho ou à faculdade, encontramos as mesmas pessoas, repetimos assuntos, damos algumas risadas e outros sorrisos amarelos, fazemos o que temos que fazer e chegamos em casa – exaustos da própria exatidão rotineira – com sede de descanso para o próximo dia, onde todo esse capítulo se repetirá.

Talvez seja isso, talvez seja essa saudade de sair um pouco do óbvio que nos faça sentir uma nova parte de um inteiro que já conhecemos. Querer tirar uma vírgula do lugar pode não ser muito bem visto pelas outras pessoas, que estão seguindo o script delas com perfeição e por isso acabam também não entendendo o que está diferente naquele ensaio inteiro. Mudar não é fácil e nunca foi. Se sentir uma pessoa diferente onde tantas outras pessoas parecem ser as mesmas cartas do baralho também não é nem um pouco fácil.

Mas o que eu tenho a falar para você, meu amigo, é que rotina engessada nunca foi boa para ninguém – muito menos quando o gesso está sob a personalidade das pessoas. Você pode se sentir um estranho no ninho, mas na verdade, estranhos são os outros que não ousam, que se contentam com o mesmo todos os dias, ainda que esse mesmo não esteja mais agradando.

Não é e nunca foi fácil estar invisível aos olhos dos outros. Mas, assim como naquele filme, tem suas vantagens. E se o seu reflexo também não entender o porquê da sua mudança repentina, não se preocupe. A gente tá aí para deixar a nossa marca, para viver a vida que queremos viver, e querer ser mais do mesmo ou um outro exemplar é direito de cada um. Se você se sente de alguma forma fora do eixo em que as pessoas costumam viver, não esqueça que, no fundo, você nunca esteve sozinho.

carol-sassatelli

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