Dama na mesa, puta na cama (por opção)


Nunca teve vergonha de admitir: gostava (e muito) da vida a dois. Desde que se lembra por gente, Tais levava, meio de um jeito sem querer, todo e qualquer rolo que encontrasse no meio do caminho a sério. Nunca soube não se envolver, não gostar, não sentir. Nunca conseguiu fazer “só sexo”, com ninguém.

E pra ser sincera, isso não a incomodava nem um pouco. Seu grande foda-se para o mundo dos clichês e regras sempre falou mais alto.

Era do tipo que gostava de ser apresentada pra mãe e levada pra andar no shopping de mão dada no domingo à tarde, ao mesmo tempo que adorava saciar prazeres e fantasias de seus companheiros. Dama na mesa e puta na cama por opção, sabe?

Ahhh, o sexo: essa sim, gostava da coisa e não tinha nem uma gota de vergonha em admitir. No fundo, sabia que fazia direitinho: tinha um prazer quase torturante em ver o cara se contorcendo todo de prazer, gemendo em seu ouvido e pedindo pra não parar nunca mais. Molhava-se sempre mais quando o gozo parecia iminente, e judiava um pouquinho mais deles, só para manter seu ar de dominatrix entre quatro paredes. Sem tabus, sem vergonha, sem pudor: dava e se entregava por inteira, sempre. Um prazer mútuo quase com uma certa obrigatoriedade de ser inesquecível.

Por várias vezes foi julgada ou questionada sobre sua facilidade de se entregar, mas isso nunca lhe incomodara: a resposta estava sempre na ponta da língua: “É que eu me transbordo. Na pior das hipóteses, tenho várias paixões e muita história pra contar.”

Mas ser diferente tinha seu preço: custava alguns mal entendidos e muitos caras confundindo gostar de sexo com obrigação de dar para qualquer um. Mas a vida ensina, e alguns tapas na cara (literais ou não) depois, conseguiu se expor e se impor.

Puta sim, mas somente para quem ela quisesse ser.

Do outro lado, seu jeito menina e marota com tons de delicadeza e romantismo cativavam qualquer um: sempre preocupada com beijos, abraços e conversas longas, sempre disposta a lhe trazer café na cama e te acordar com cafuné. Era quase impossível entender como ela conseguia andar rota e descalça, trazer uma taça de vinho  de um jeito super desleixado e depois de uma gargalhada larga ao tropeçar, ainda parecer sexy. Era apaixonante como ela estava sempre disposta a fazer sua refeição ou posição predileta.

Como ela sabia foder e fazer amor.

Era do tipo que começava a provocar de um jeito leve, mas ao mesmo tempo cheia de mãos e língua para despertar vontades contidas. Tinha um olhar penetrante enquanto fazia oral e vergonha nenhuma em se deliciar encarando a cara de prazer do outro. Tinha prazer em dar prazer.

E aos poucos o sexo com ela ia se transformando: o coração e o ritmo aceleravam, e quanto mais suor vertesse de seu corpo, mais vontade de que lhe penetrassem mais fundo surgia. Arriscava alguns arranhões, mordidas e leves puxões de cabelo. Tinha esse módulo fera que era quase doce ao paladar e ficava sempre mais excitante perto do orgasmo.

Suas vergonhas ficavam sempre para fora da porta do quarto. Seu gemido era sincero, e o gozo ainda mais. Adorava sempre que o clímax era conjunto e quando os corpos chegavam a tremer de êxtase. E nunca negou: amava aquele instante pós-gozo, onde os olhares se trocam e aquele riso tímido e satisfeito aparece de canto de boca.

Sua sinceridade nos atos era inebriante, e talvez por isso sabia transbordar-se: porque era tudo que ela sabia ser. Seu segredo? Conseguir sempre dar e se doar por inteira.

Amanda

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