Série de mulherzinha é o c*ralho!


No começo de março entrou na Netflix toda a primeira temporada de uma série inédita chamada “Unbreakable Kimmy Schimidt”. A primeira reação de todo mundo que viu o primeiro episódio foi achar a série meio bobinha ou “de mulherzinha” – como se isso fosse algo ruim. E a gente sabe bem que não é.

A moça do título, estrela da série, fazia parte de um culto apocalíptico. Fugindo do fim do mundo, os membros do tal culto ficaram alojados num abrigo debaixo da terra durante 15 anos. Agora, depois de ser resgatada de lá, ela precisa recomeçar sua vida.

Parece um drama, mas é uma comédia: Kimmy (interpretada por Ellie Kemper, de “The Office”) é uma mulher de 30 anos que ainda age e pensa como uma inocente menina de 15 anos. E está totalmente desfamiliarizada com coisas que hoje achamos muito comuns: smartphones, velcro e música eletrônica, por exemplo.

A perspectiva infantil de Kimmy abre espaço para muitas críticas ao mundo dos adultos, ricos e poderosos. Um mundo cheio de hipocrisia e falsidade mais fácil de ser percebido e criticado por quem não faz parte dele. Por isso essa série não é “de mulherzinha” no sentido pejorativo da expressão. Você precisa ter muita coragem pra encostar em certas feridas.E coragem não faltam à Kimmy e Tina Fey, a comediante criadora do seriado. Para quem não a conhece: ela foi, durante quase 9 anos, a redatora-chefe do “Saturday Night Live” (um programa de comédia que está na temporada 40!), criadora e estrela de “30 Rock”, e a roteirista de “Meninas Malvadas”, pra citar só alguns destaques.Não dá pra ir muito longe e dizer que a série é feminista, pois ela fala de um universo muito restrito de mulheres (negras e gordas, por exemplo, praticamente não existem), mas “Unbreakable” prova muito bem que “série de mulherzinha” é um elogio já que dá pra fazer comédia AND empoderamento feminino ao mesmo tempo.

Kimmy quer correr atrás do tempo perdido e comer doces no lugar de refeições, usar roupas coloridas e brilhantes, organizar festas e voltar a estudar – nunca se importando com o que os outros acham de suas escolhas. Não é assim que devíamos viver? Ela sempre está num intenso contraste com o mundo ao redor: enquanto todos são sugados por suas rotinas cinzas, ela quer viver todas as experiências possíveis e se arriscar sempre. Como ela mesma diz, a pior coisa que lhe aconteceu na vida (o culto apocalíptico), aconteceu no jardim de sua casa. Ou seja, vamos viver no presente e aproveitar todas as oportunidades na hora que elas aparecem – o futuro não nos pertence ainda.

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Tudo que a maioria das coisas na TV faz é reforçar estereótipos e tentar fazer com que a gente diminua nossa individualidade. Mas olha esse pôster de divulgação da série: “Seja você. Seja o que você quiser. E aí se torne indestrutível”. Sério, que outra sitcom dá esse tipo de conselho?

“Unbreakable Kimmy Schmidt” é pra ser assistido de coração aberto do começo ao fim. A graça do programa não está só nas críticas, mas preste atenção também nelas. Que tal acabar com essa ideia de que um programa ou é puramente entretenimento ou é puramente questionador? Dá pra misturar as coisas.


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E que tal nos tornarmos indestrutíveis? Vamos combinar que a vida anda muito cheia de dramas e estresses, né? Nosso tempo livre é precioso demais pra gastarmos com coisas que não valem à pena. Taí outra boa lição de Kimmy.

PS: Females are strong as hell!

Cadete

 

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