Ser adulto não é o que a gente imaginava


Logo antes do Carnaval desse ano eu adquiri uma pochete. E não foi uma pochete qualquer, ela é de glitter rosa, feita por uma amiga que agora é rica (ou quase isso). Apesar de não ter salvado meu celular de ser roubado no bloquinho, ela fez grande sucesso e ajudou a compor looks incríveis.

Antes de fazer essa ótima aquisição eu já tinha ouvido dizer que a pochete voltou pra ficar, e resolvi adotar para o dia a dia, sendo que ultimamente o principal programa que ela tem feito é ir ao supermercado. É maravilhoso não tem que carregar nada além das sacolas que já vão pesar na volta, e a pochete permite que o celular e o cartão fiquem bem seguros durante essa atividade tão comum da vida adulta.

Nessa última noite de sábado estava entrando no Mambo aqui perto de casa quando encontrei com uma garota de uns 8 ou 9 anos com o seu pai. Ela estava conversando com ele super animada quando me viu, e literalmente interrompeu a palavra no meio do caminho pra me olhar. Foi me acompanhando com a boca aberta e os olhinhos brilhando enquanto eu, uma adulta de quase 30 anos, pegava meu carrinho com ela mesma, a pochete de glitter rosa.

Ela não me falou nada e logo estava conversando de novo, mas a expressão dela me deixou muito feliz. Nos olhos dela eu senti que de repente ser adulta não era tão chato assim se você pode usar esse tipo de acessório pra fazer compras com o seu melhor amigo num sábado a noite. Assim como ele foi usando Crocs e se sentindo muito confortável também combinando com outras garotas de 8 ou 9 anos que encontramos.

Nunca fui dessas pessoas que não via a hora de ser mais velha, mas sempre pensei que teria uma grande diferença quando isso acontecesse. Que eu seria mais séria, que teria mais responsabilidade, que faria coisas muito chatas e que teria muito dinheiro. Parece que nada disso era verdade — infelizmente a parte do dinheiro também está difícil.

Mas no fim acho que ser adulta nunca foi tão chato assim. Não acho que tanta coisa tenha mudado desde que saí da casa dos meus pais com 18 anos. Claro que eu trabalho, pago minhas contas, moro com o já citado melhor amigo e faço aquela faxina quando chega o final de semana. Porém ainda gosto das mesmas coisas que gostava lá atrás, e consigo rir das piadas mais sem graça como sempre fiz.

Apesar de pensar que iria evoluir em muitos aspectos, parece que isso ainda não aconteceu. Ainda escuto muito pop dos anos 90 e 2000, assisto romances água com açúcar e gosto de literatura infanto-juvenil. Minha cor preferida é rosa e não vejo problema nenhum em acordar às 14h no final de semana.

Então no fim acho que ser adulto merece sim o brilho nos olhos da garota do supermercado, porque só significa que agora podemos bancar sozinhos pochetes de glitter rosa e compras pra fazer cookie com gotas de chocolate. A gente não deixa de ser quem é por causa de uns aninhos a mais ou a menos no calendário. Talvez tenha sim uma evolução, só não tanto quanto já pensamos um dia. Ou talvez eu só não tenha chegado lá.

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