Nosso problema é a falta de amor


A grande dificuldade dos nossos dias não é a nossa inconstância, não, tampouco a nossa necessidade de ter grandes empregos, grandes carros, grandes casas para abrigar nossos pequenos espíritos. A dificuldade das dificuldades, veja você, é a falta latente de amor em todas as coisas que fazemos, em todas as coisas que dizemos e em todas as coisas que nós somos. O coração é terra sem lei; nisso até concordo. Que não saibamos como agir e o que sentir por esta ou aquela pessoa é até esperado.

O problema, no fim das contas, é outro bem diferente. Nossas evoluções pessoais, nossas buscas pela superação dos obstáculos que nos concernem e a nossa soberba fizeram com que nos tornássemos insensíveis às particularidades de outrem – mais do que isso, fizeram com que passássemos a fazer questão de não saber o que acontece lá por dentro, entre aquelas vísceras tão particulares e tão distantes das nossas. Saber é tomar responsabilidade. Saber é ter que fazer alguma coisa. Ninguém quer ter que fazer alguma coisa.

Creio: custa pouquíssimo amar. Custa quase que absolutamente nada abrir o peito e deixar que uma corrente de sentimentos entrelaçados faça a sua morada por ali. Ainda assim, nos prendemos a versões passadas do que fomos, insistimos nas histórias que não funcionaram, jogamos sobre as nossas antigas experiências o peso da nossa própria insegurança e dizemos: não.

Não mais.

Que não seja assim. Eu não posso. Eu não consigo. Tudo para dizer, na verdade, algo mais parecido com: eu não quero. Eu não quero me envolver. Eu não quero tomar nos braços qualquer corpo que não seja um corpo que me garante gozo fácil e promessas fáceis e histórias fáceis. Eu não quero nada que não seja fácil de digerir porque meu estômago é frágil e eu não quero ter que pensar, que desenvolver, que escutar.

Eu acho mesmo que somos fortes como é forte o material que recobre o nosso interior, assim como somos gente na medida em que sabemos amar. Quanto menos amamos, maior é a percepção e a aceitação da nossa insignificância. Andamos tão miúdos que logo não conseguiremos mais nos enxergar. Que é que se pode fazer sobre isso?

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