Não sei se estou no Tinder ou procurando apartamento


Se você mora sozinho com certeza já precisou procurar um apartamento. Talvez tenha tido sorte de achar rápido um lugar montado, ou alugar um vazio sem muitos problemas, mas se for como a maioria de nós, teve que ralar muito pra achar seu canto.

Aí você está lá navegando pelos inúmeros sites com ofertas de apartamento, dizendo que são próximos ao metrô, numa região tranquila e tem as informações básicas, como quantidade de quartos, e se interessa em conhecer mais. Quase como no Tinder, onde podemos observar fotos de caras (ou minas) abraçando os animais, viajando pro exterior ou tomando uma cerveja, com pouca ou nenhuma informação sobre eles mesmos, mas que nos deixam querendo marcar aquele encontro.

Mas sempre chega o dia de olhar um nos olhos do outro.

– Nossa, desculpa o atraso, precisei andar mais do que imaginei.
– Ai verdade né, mas ainda é perto do metrô né?
– Super. Vamos olhar?

Bate aquela ansiedade, será que esse é O lugar? Será se a pia da cozinha tá em ordem? Será se o box do banheiro ta ok?

– Hum, moça. Cadê o outro quarto?
– Ih menina, estava marcado lá como dois quartos? Não tem não, o dono só fez esse closet de gesso mesmo aqui no meio da sala porque ele achou que seria uma ótima ideia um quartinho onde mal cabem duas pessoas, e ainda achou daora colocar no anúncio que tinha dois quartos só pra você perder o seu tempo vindo até aqui.

Juro que eu li nas entrelinhas e foi isso que a corretora me disse. Mais ou menos como quando a gente fala com o boy e ele diz que super entende o feminismo mas aí chega no bar e ele acha que você é ótima, mas que tem menina que pede sim pra ser estuprada.

Próxima visita.

– Esse apartamento é bem incrível mesmo, super amplo. Posso abrir a porta dessa sacada aqui?
– Claro que pode, olha que ventilação ótima nesse quarto no primeiro andar com uma porta gigante que dá pra rua e não tem nenhuma proteção aqui do lado do Minhocão.

Corretores deveriam ser mais reconhecidos pela criatividade que tem para contar histórias e convencer o seu público a alugar um apartamento que não é tudo aquilo que a gente imaginou que fosse.

Depois de muitas visitas — e muitos encontros — a gente acaba achando um que vale a pena, ou somos vencidos pela exaustão, o que vier primeiro. E aí vem aquele processo de deixar tudo do seu jeito. Mas a gente nunca sabe quem passou por ali antes, se aquele apartamento tem vícios, se tem problemas que não deu pra ver na vistoria ou se vai alagar na primeira chuva.

É tudo uma questão de sorte e muita paciência. E se não der certo, o catálogo continua disponível. Não disse qual.

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