Não se apaixonar: sorte ou azar?


Fotografia por Olivia Bee

Ela foi a última. Faz mais de mês. Faz bem umas vinte semanas, não que eu tenha contado ou anotado. Não como se você também não contasse ou anotasse. Aquelas anotações que não precisam de papel ou celular, que marcam na alma, ficam presas em nós, feito post-its do destino que não desgrudam por nada.

O problema não foi acabar. Coisas como essa tendem a terminar, é natural. Nunca esqueça: o final é fase fatal prum coração. Mas o problema é o que vem depois. Depois da tempestade. Depois que eu consigo voltar a ouvir as mesmas bandas e passar pelas fotos do seu instagram sem me preocupar. Aquele mês em que eu posso esbarrar com ela numa festa e eu vou cumprimentar. Quando a calmaria reina e a gente fica bem. Bem?

Não sei o que é ‘bem’ para vocês, mas eu percebi tem pouco tempo que essa calma toda me consome. Essa falta de amores e desamores, de dores e favores, de tentar conquistar, ser conquistado, se entregar e se arriscar. Faz 5 meses que eu não me apaixono por ninguém. Faz 5 meses que ninguém balança me coração, ou me derruba. Ou me chama pra jantar, ou me faz ter vontade de sair de casa de madrugada só pra passear. Faz muito tempo que ninguém me desperta a vontade de dizer “Vamos? Vamos!”. De topar os rolês mais inusitados, de se jogar.

Acho que estou numa abstinência de paixão. Não sei o quão vivo ainda estou sem sentimentos intensos demais pra mim. Sem questionar se algum dia as coisas boas terão fim. Estou cansado de caber nos meus dias, de ser o suficiente pra vida. Quero esse balanço que fazia meu coração bater descompassado, sambando no ritmo do sorriso de outra pessoa.

Mas eu não consigo. Nenhum rosto faz meu olho brilhar. Nenhum olhar faz minha boca sambar. Nenhum nome tem feito meu coração pulsar.

Não se apaixonar. Sorte ou azar?

[Foto da capa: Olivia Bee]

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