No “Diz Aê” dessa semana…
Recebi do leitor R.:
Bom, Daniel, eu sou um cara gente fina, de boa com a vida e pá, não sou todo lindo assim, mas dou pro gasto. Numa festa, balada, baile ou qualquer coisa do gênero, eu sei encarar a guria, sei até essa parte, depois disso, não sei como avançar .
Não sei como faço pra chegar nela e dizer “tô a fim de ti” – acho muito impessoal dizer isso do nada – eu não sei o que falar, não sei o que dizer pra guria. Se digo “você tá linda”, “você dança muito bem”, não faço ideia do que dizer e do que fazer nesse momento.
Me ajude, por favor, porque a situação tá complicada pra mim.
E daí eu respondo:
Isso é mais normal do que parece.
O problema aqui tá naquela estranheza típica de puxar conversa com um desconhecido. Imagine que a cena se passa num ônibus e alguém senta ao seu lado. Puxar assunto com a outra pessoa é uma das situações mais estranhas e constrangedoras que eu consigo imaginar alguém vivendo.
Ainda por cima, todo mundo já normatizou a regra de que o homem é responsável pela iniciativa em caso de interesse. Machismo puro. Rezo pelo dia em que isso cairá por terra e quem quiser conhecer outra pessoa irá fazê-lo sem estranheza nem nada.
Mas vamos direto ao problema: o caso pode ser de insegurança ou falta de jeito. Muitos homens se embolam todos na tentativa de puxar assunto com uma garota e acabam sendo verdadeiros babacas. Vale lembrar que:
1) Beba alguma coisa, respire fundo e mande a insegurança pra merda. Aquela velha história do “o não você já tem” é a maior verdade da vida. O que você pode fazer pra sentir se ela tá a fim ou se ela dá abertura pra você desenrolar é manter contato visual e alguns sorrisos enquanto dançam isoladamente. Dá pra perceber quando uma mulher cria alguma conexão com você, ou quando comenta algo com a amiga, ou quando te evita – serve pra você não ser babaca insistindo quando ela diz não. Não é não, não force a barra. Sério.
2) O flerte leva tempo. O desafio é ser atraente ou interessante pra ela pelo menos ali. Então, meu amigo, acostume-se a ter um bom senso de cultura geral e ser divertido. Nada de contar vantagem sobre si ou falar demais de você. Pergunte sobre ela. Compartilhe fatos que possam ser conversados. Fale da sua visão de mundo, das coisas pelas quais você é apaixonado. E escute – pelamordedeus. Se você falar o tempo todo, ela só vai te achar um panaca.
3) Clichês realmente são clichês. Não vale ficar nas frases que ela já deve ouvir normalmente. “Você é linda”, “Gostei de você desde que cheguei aqui” e esse tipo de coisa. Ela já sabe disso. Vale a pena jogar com um pouco de sinceridade também. Se você souber como desenvolver, diga a verdade: por que se interessou por ela?. O fator surpresa pode despertar a curiosidade dela e render alguns bons assuntos. Fale sobre preferências. Filmes, séries, música. Mas sem forçar a barra e dizer que ama Gossip Girl só porque ela citou e você nunca viu um episódio. Vale lembrar que diferenças podem ser trunfos caso vocês não tenham nada muito parecido.
4) Pare de tentar pagar uma bebida pra ela. Não se apoie na ideia de embebedar a garota pra tentar algo com ela. Isso é cultura do estupro. É tentar forçar algo com uma mulher só porque ela está bêbada. Esqueça o lance do álcool.
5) Preste atenção aos sinais dela, mas não invada seu espaço. Pergunte, chegue perto sem forçar. Como eu disse ali em cima: qualquer tipo de coisa contra a vontade dela é assédio grave. Homem tem uma puta mania babaca de achar que “ela faz cu doce” quando a menina tá apavorada com um “machão” em cima dela durante toda a festa, com medo de falar algo ou completamente irritada porque o chato não sai de cima.
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