Dê valor aos seus pais


[Você pode ler este texto ao som de Trem Bala]

Dizem que o primeiro, e talvez único, contato de amor genuíno que temos em nossas vidas é com nossos pais. E como bom autodidata dos sentimentos que sou, demorei um pouco a perceber (24 anos, sendo preciso), que se eu posso ir para aonde eu quiser e fazer aquilo que bem entendo é porque eu tenho para onde voltar, sempre que a saudade me anistia da coragem.

Já não moro com meus velhos e só consigo vê-los algumas vezes durante o ano. Nesse período longe de casa, aprendi a lidar com as responsabilidades, tristezas e pias cheias de louça suja. Eles já não estão por perto passando a mão na minha cabeça, apontando os erros e indicando o caminho, mas tenho a sorte de poder contar com o apoio dos dois em qualquer decisão que eu tome. Quando me dei conta de como isso era importante, percebi que sou uma pessoa privilegiada, por ter o apoio necessário para nortear meus passos. Nunca vou esquecer o dia em que meu pai me olhou e disse que se eu não pudesse contar com eles, com quem então eu poderia contar?

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Sei que muitas pessoas não têm a mesma sorte que eu, que aprenderam a se virar sozinhas por aí, chorando o azar em silêncio ou no ombro de algum irmão, parente ou amigo próximo (pessoas que possuem instinto paterno/ materno tão legítimos quanto os de sangue e afeto). Esse tipo de ligação, independe de cor, religião e orientação sexual. A gente se afeiçoa àqueles que nos permitem errar e acertar, sem julgamentos. E vos digo que não há lugar mais gostoso nesse mundo, do que dentro de um abraço seguro, dos que amamos de graça.

Sinto falta do gosto da comida da minha mãe e do som da risada dela, de conversar com o meu pai em um final de tarde chuvoso, dando risada e tomando chimarrão, das viagens que fazíamos, ainda quando eu era pixote e dos churrascos de domingo. Esse tipo de nostalgia me rebate uma sensação de gratidão, que me faz agradecer pelo tratamento que recebo deles, desde que nasci. Ligo, religiosamente, de segunda à segunda, afim de saber como andam as coisas por lá e avisar que, comigo está tudo bem, mesmo não estando.

Nesse tempo, distante das regalias do lar, percebi que não há nada tão verdadeiro do quanto amor daqueles que me presentearam com a vida. E mesmo que tenhamos nossas diferenças, iguais às de todo mundo, eles fazem parte de todos os meus sorrisos e lágrimas, ora beijando minhas bochechas, ora secando-as com conselhos e cumplicidade. Por isso, devo admitir que nada me deixa mais pleno do que a certeza que se hoje eu sou um cara compreensivo com as adversidades ao meu redor, é porque eles sempre foram compreensivos com as minhas.

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