A gente quer mesmo um amor?


Ainda ontem estava aqui pensando sobre esse tal de amor que dizem existir por aí. Se fosse há alguns anos, depois de assistir esses romances na televisão que fazem chorar mais do que a gente consegue controlar, eu diria que amor tem gosto doce, que conforta tudo, suporta tudo, melhora tudo, entende tudo.

Por muito tempo, depois dessa fase e já na época que já tinha levado alguns foras, chifres e digerido algumas decepções deitada no sofá da sala assistindo qualquer coisa que estivesse passando na televisão solitária, desacreditei que o raio do amor realmente existisse. Ora, como o amor pode fazer sofrer? Como pode apertar o coração e machucar tanto? Como pode existir no meio de mentiras? Não é possível que aquele gostinho bom tenha mudado pra um azedo esquisito assim. Por que acreditar no amor se a gente não consegue achar ninguém que corresponda totalmente ao que estamos sentindo? Esses pensamentos estavam saindo realmente do meu controle.

E aí que tá a questão: aprendi – um pouco na marra, confesso, depois de muitas noites em claro e olhos inchados – que o amor não precisa ser uma pecinha de quebra-cabeça que se encaixa perfeitamente com outra. A gente tem aí nossas manias, nossas neuras, temos várias picuinhas para resolvermos dentro das nossas cabeças antes de conseguir juntá-las com as de outra pessoa. Existe amor aqui, por nós mesmos? Taí um desafio que, às vezes, é muito maior do que se acostumar com alguém por perto.

Amor daquele que tudo acaba em uma música da Disney no final não existe, então nem adianta procurar por aí porque nem tudo vai ter sempre passarinhos cantando ao seu redor. Vou te falar que, primeiro, antes de querer amar alguém, a gente precisa tá bem com a nossa própria vida, sabe? Pode até estar faltando alguma coisa, um pezinho para esquentar debaixo da coberta, mas como vamos amar alguém se não suportamos a nossa própria companhia?

O outro ponto é que amor tem mil sabores. Tem dia que tá docinho que nem mel e tem outros dias que está mais para um limão muito, muito azedo. O negócio é deixar as coisas sempre às claras: você está feliz? Tem alguma coisa te incomodando? Fora a isso, pare de procurar pelo príncipe encantado e pela pessoa totalmente perfeita. A gente vai se irritar, vai querer falar poucas e boas, mas, no final, se sentir aquele negocinho que faz querer estar junto, estar perto, é amor. É amor quando existe respeito e carinho. É amor quando não precisa estar perto para estar junto. É amor quando as coisas são leves e conversadas, quando a gente lembra do outro e solta uma risadinha de canto de boca sem notar. O amor taí. É só querer ver. De verdade.

Amar pelas qualidade é um milhão de vezes mais fácil do que amar mesmo com os defeitos. E todo mundo tem um pouquinho de cada. Então, se você tá aqui lendo esse texto até agora, eu só te digo o seguinte: não desista. Não complique. Não deixe de procurar. Ame e ame muito, quantas vezes você achar necessário. Mas não deixa seus medos e decepções te tirarem essa coisa bonita que é se permitir amar.

-

Você também pode gostar desse assunto. Assista ao vídeo abaixo:

Comentários