As coisas que eu gosto em você, mas nunca disse


[Você pode ler este texto ao som dessa versão linda de I Will Survive]

Gosto do chá de camomila que você faz todas as vezes em que eu bato na tua porta reclamando do trabalho e me perdoa se eu sempre esqueço de trazer alguma coisa pra gente tomar? É que não dá tempo. Quase nunca dá tempo de dar um pulo lá em casa e dar um pulo no mercado e pedir um carro porque quando vejo eu já tô no caminho daí.

Gosto quando cê fica zapeando a TV no Netflix sem encontrar alguma coisa que eu goste, alguma coisa que agrade o meu humor-fácil-demais-mas-que-é-difícil-com-você. Nem imagina que lá em casa eu abro a tela inicial só pra ver teu login sorrindo do lado do meu como se tudo fosse simples. Só não gosto quando cê diz que eu te baguncei todo e baguncei mesmo, mas tô tentando consertar as coisas. Demorou um cadin, mas entendi que meus traumas são só meus e não deveriam ter sido desculpa pra bagunçar você. Me perdoa por isso também.

Gosto de páprica porque você me acostumou a comer páprica em tudo. Toda cor vermelho-terra é tua, então eu gosto, mesmo não gostando muito de vermelho. Gosto de um monte de coisas que eu dizia que não gostava: coentro, banana d’água, azeite de dendê, abobrinha, lentilha, grão de bico e a tua companhia. O presente com você não dura só até às três da manhã e eu gosto disso. Eu preciso de gente que vire a noite comigo, que acorde ali do lado, já que a sensação de tatear a cama vazia faz com que eu me pergunte o que é real e o que não passou de um sonho com cheiro de erva doce queimada na janela na noite anterior. E disso eu não gosto.

Gosto de quando você tá sozinho, mas nunca te disse isso, né? É porque eu me interesso pelos caras que têm uma vida. Tenho pavor de gente que constrói qualquer coisa ao meu redor e eu acabo virando espelho ou virando o ponto de encontro das expectativas dele. Eu não te avisei, mas gosto do jeito como você poderia ir embora amanhã de manhã pra Genebra e me mandar uma carta dizendo que sente muito, mas que a vida segue. E segue mesmo. Gosto de pensar que você não morreria por mim. Cê é muito mais bonito vivendo e me deixando participar dessa grande festa cheia de adereços e luzes piscantes que é a sua vida.

Gosto do mapa-múndi do teu corpo e da língua que tu não fala, mas usa pra me visitar. Gosto das tuas mãos desenhando um mapa nas minhas costas. Gosto da sua versão vulnerável às 3:45 da manhã escrevendo que sente saudades. Gosto de como você me faz sentir em casa no Sul e no Nordeste. Gosto de você cantando desafinado e no meu ritmo. Gosto de quem eu sou com você.

Você sabia que eu escrevi um livro novo? Ele se chama “O que eu tô fazendo da minha vida?” e fala sobre como a gente precisa enfrentar os nossos demônios interiores para tentar curar os problemas que nos impedem de seguir em frente no amor, na família, na carreira e em qualquer outro lugar de crise. Ele também fala um pouco sobre o período de depressão e das crises de ansiedade que tive, dos traumas e dos aprendizados que a terapia me trouxe e tudo mais. Se você quiser saber mais sobre ele, é só clicar aqui para ler mais e comprá-lo com desconto: O que eu tô fazendo da minha vida?

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