Você não sabe, mas todo dia você me machuca


Eu vi a conversa morrer.

Vi as palavras sumindo, gradativamente. Uma a uma, lentamente. Uma calma cruel e traiçoeira, torturando dia após dia. É isso: tortura. Teu silêncio me machuca em proporções inimagináveis. Quando resolvi amarrar minha história na tua, achei que seria uma brincadeira de criança boba, transbordando sorrisos, suores e piadas. Mas toda brincadeira, em qualquer deslize, machuca. Às vezes se torce um braço, outras vezes ganha-se uns arranhões, uns sangramentos, uns hematomas esverdeados que doem alguns dias. Algumas vezes, quebra-se uma perna. E outras vezes, quebra-se o coração. E eu, nesse momento, acabei de quebrar o meu – de novo.

Você não sabe, mas todo dia você me machuca. Você me machuca nos comentários ‘inocentes’ demais, você me machuca na piada que eu não gosto, você me machuca na superficialidade da conversa e, sobretudo, você me machuca quando simplesmente deixa a conversa morrer. Confesso que, de um tempo para cá, eu venho permitindo deixar a conversa morrer, porque até falar me machuca. Eu pincelo um sorriso para você todos os dias, e maquiar que está tudo bem, também dói.

Cada silêncio teu espatifa meu coração. Eu remendo, ponho no lugar, mas não encosta – porque tocar dói. Tá magoado, sabe? Não dá tempo de suspirar aliviada. É outra enxurrada de silêncio e meu coração volta a cair, quebrar, doer, torcer, machucar. Todo dia quase. É insano dizer, mas eu me acostumei com essa tortura que é doer diariamente.

Eu continuo brincando. Você brinca com meus sentimentos – ou os ignora completamente. Mas a gente já não se fala. Eu tinha esquecido o tanto que brincar machuca. Eu tinha esquecido que não é bom colocar o coração no meio, porque há chances de tudo dar errado. Eu vejo a conversa morrer. Eu vejo a brincadeira acabar… continuo mantendo a tortura, que é para ignorar o nosso ponto final, que grita. Acho que a brincadeira já foi encerrada, mas ignoramos.

Somos bons na arte de ignorar.

Quanto tempo mais consigo brincar de doer?

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