Eu sou uma bagunça, mas você me aceita assim mesmo?


[Você pode ler este texto ao som de Girl On Fire]

Ah, amor. Eu trago muito mais que um gato e uma mala, uma calcinha no chuveiro que te irrita ou uma mania chata de simetria.

Eu trago uma bagunça de uma vida inteira. Um coração de cabeça pra baixo de tanto remendo. Eu trago histórias de amigos e amantes.

Trago uma tonelada de sonhos abandonados, expectativas e futuros assassinados a sangue frio.

Trago livros, enciclopédias de histórias mal resolvidas.

Um estômago revirado em mágoas.

Não, amor. Eu trago muito mais do que um gato e uma mala.
Muito mais do que café da manhã na cama e almoço de domingo.

Trago barulho de criança pela casa.
Trago sorrisos.

Trago uma cabeça cheia de vontade de criar novos sonhos. Um coração que mal cabe no peito. O pulmão cheio de gritos, prontos pra explodir em gargalhadas escandalosas e prazeres infinitos.

Trago esperanças de realidade e expectativas de sonhos felizes. Mas trago insônias. Noites e noites de cabeça fervente.

Trago beijos. Abraços e massagem no pé.

Trago amor capaz de mudar o mundo. Trago guerras perdidas e trago paz. Ou a busca enlouquecida por ela.

Trago medo do escuro. Aviões de papel e castelos de Lego.

Trago asas. Empresto elas pra você. Te levo comigo.
Aprendi a voar, não sabia?

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