Carta ao seu novo amor


Ele não é igual aos outros, é verdade. E você acha graça, pois, ele simplesmente é a confirmação da sua lista imensa do “cara perfeito”. Não de todos os itens, mas daquelas quatro ou cinco características que você sempre achou que eram as indispensáveis. Você já sabia que ele seria assim, quando o viu pela primeira vez. Seu cabelo desarrumado, quase que nenhum esforço para impressionar, sendo assim tão genuíno, que te conquistou. E ele quase não falou naquela noite, esperando você contar tudo sobre sua vida. Aliás, ele é todo uma pausa longa durante um café no Starbucks só para te olhar nos olhos e sorrir de canto. Ele é pacificidade. E não faz drama, embora entenda os teus. E, desde daquela noite, cada dia com ele parece uma pincelada de calmaria nas tuas tempestades.

Você, que sempre se achou uma garota de sorte, nunca imaginou que sorte mesmo teria essa altura, esses olhos e esse sorriso. É engraçado que já tinha até conversado com Deus sobre nunca mais se apaixonar, quando ele apareceu sarando todo mal que os outros caras lhe haviam causado. E cada curativo que lhe oferece vem embalado no mesmo pacotinho com cheiro de riso solto e uma leveza em encarar a vida. Ele sabe a maneira certa de lhe fazer reaprender aos poucos que o primeiro passo para amar é a plena confiança.

Aliás, é cativante a maneira como ele mudou seus hábitos por respeitar teus dilemas e resolveu aprender tuas mandingas – sem mesmo que você pedisse. Ele reparou no que era importante e, de imediato, começou a mergulhar no teu mundo. Por isso, foi tão fácil e gratuito lhe entregar teu coração. Você sempre achou patética essa história de perder o fôlego, porém vive sem ar quando ele te liga no meio do expediente. E parece que é isso. Parece que teu novo amor veio para mudar o endereço do teu chamego e a caixa postal da tua felicidade contínua. Parece que essa é a oportunidade de entender o que todos dizem sobre a deliciosa vontade de acordar mais cedo e preparar torrada com geléia e chá de maçã para alguém.

A verdade é que você não acreditava mais em dividir a sua vida e tinha se convencido de que não haveria pessoa no mundo que valesse a pena o desafio de apaixonar-se. Só não esperava que alguém pudesse mudar a sua cabeça em tão pouco tempo. E como diz aquela música que você nunca gostou, mas parece que faz todo sentido agora: você está correndo um sério risco de viver a vida toda ao lado dele. E esse é o melhor risco que se corre, quando seu novo amor chega para ser o último. Para ser o amor que vai durar e que estará na foto da carteira, no papel de parede do celular, na música três, quatro e cinco da tua playlist. Inevitavelmente, ele vai tomar conta da sua história a medida que você pegar a caneta e escrever a dele.

Ele será o teu aprendizado de que amor gostoso é amor recíproco. Só recebe quem oferece. E na gratuidade de dividir-se, ainda assim, transborda-se cada dia mais. Ele é o teu amor-casulo, a tua casa de uma paz singela e próspera.

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