Pode vir.


Vermelho. Pode deixar, eu não tenho pressa. Eu posso passar o resto da tarde deslizando os meus dedos pela sua pele macia. Eu vou passar horas e mais horas encostando a minha boca na tua para sentir o teu gosto, para não te deixar sozinha. Eu não faço questão nenhuma de tirar as tuas mãos das minhas. Mas deixa, vai. Deixa eu colocar as mãos nos teus seios e abafar um gemido no teu pescoço. Me deixa brincar de dar nós no teu cabelo enquanto eu tiro a tua roupa. Me deixa embolar, despentear, me perder e te trazer pra mais perto. Me deixa sentir o teu cheiro, inalar a tua essência. Me deixa viver um pouco de você. A gente traça um acordo: eu deixo você ser você mesma, do jeito que você quiser e você me deixa tomar conta de você da minha maneira. Deita no meu ombro. Eu gosto da tua respiração ritmada e um pouco pesada na minha nuca. Pode me arranhar, pode cravar as tuas garras na minha pele dura. Eu mereço isso por ter demorado tanto a te encontrar. Eu mereço toda e qualquer punição desse tipo por ter te deixado andar sozinha por aí.

Amarelo. Por que você me olha assim? Com ternura e ódio ao mesmo tempo. Eu te entendo, no final das contas. Não, não levanta. Volta aqui. Entrelaça as tuas pernas nas minhas, joga o teu peso por cima do meu corpo. Deixa eu te olhar mais de perto, contar todas as pintas do seu colo. Você reclamou da minha frieza na primeira vez que a gente se encontrou e agora olha só: um romântico incurável tentando provar do teu sabor. Você sente cócegas na barriga, não é mesmo? Pára de rir, vai. Assim você arranca alguns sorrisos enquanto eu tento fazer um personagem mais sério. Um amante latino, quem sabe. Não funciona pra mim, eu sei. Vem cá, vem. Me deixa deslizar as mãos pelas tuas costas. Te ouvir soprando o meu nome mais de perto. Sentir você me despindo das desculpas que eu tanto te dei por não ter te reconhecido antes. Mas o fato é que tinha gente demais naquela festa e as suas roupas eram diferentes da última vez que eu te vi. Você voltou do nada, sem nenhuma mensagem de sobreaviso. Mudou a cor do cabelo, a cor dos olhos, a cor de tudo que me fazia te reconhecer. Mas você mesma continua com esse sorriso de meia boca que me provoca a cada olhar que a gente troca. Eu sabia que era você a menina bonita do drink colorido. As tuas mãos estão úmidas, menina. Você está nervosa, posso sentir. Deixa eu te guiar. Deixa eu te levar por meio dos meus beijos. Deixa eu te mostrar como conhecer o seu próprio corpo. Clap. Tudo bem, eu não merecia esse tapa. Mas você é quem dita o ritmo dessa dança, menina.

Verde. Só restamos nós dois aqui e um caminho pela frente. Me abraça e cola o teu corpo no meu. Vem me mostrar a mistura de paixão e amor que Eros tanto procurava. Deixa a chuva  cair lá fora calmamente. Eu sinto o peso do seu coração. Me deixa repousar nas tuas curvas. Me deixa ser o encaixe perfeito dos teus seios, desenhar um corpo único na sombra do lençol, te mostrar que eu vou aonde você quiser. Encosta tua boca no meu ouvido e exclama uma sensação de prazer. Eu já comprei os cigarros e o vinho que você pediu. Não se move, não me deixa aqui sozinho. Eu sou teu e você é tudo aquilo que quiser ser. Continua essa dança até o último suspiro. E no final das contas, vem. Pode vir.

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